sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Erros meus, má fortuna, amor ardente

Erros meus, má Fortuna, Amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a Fortuna sobejaram,
Que para mim bastava Amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que já as frequências suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"




Este poema define o estado de espírito do sujeito poético. Nota-se que, nesta altura, o "eu lírico" sentia-se triste e desiludido com ele mesmo por causa dos erros que cometeu, da sorte que não soube aproveitar e dos amores que não passaram de meras ilusões.

Aqui está um vídeo com a narração do poema: